terça-feira, 28 de abril de 2009

das direções...

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pointedtex
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painel farol placa de trânsito faixa de segurança meio fio guia calçada rua estrada nenhuma parada quase nada desvio ponte sobe desce alguém sabe onde fica isso o carro roda até o posto novo enguiço gasolina tanque motor fumaça do outro lado outra estrada passa boi passa boiada que nada boiada nem existe mais peço ajuda a algum rapaz que não ajuda em nada que nada mais um estágio da viagem outro pedágio depois da curva outra curva o mundo se curva e a estrada dá volta e volta e volta uma serra outra serra um morro outro morro eu morro de tédio de tanto morro socorro o pneu está furado por um maldito buraco do lado da pista outra parada não insista que banheiro agora não dá e continuo eu cuspo a poeira do caminhão que passa e entro de novo no carro com cara amarrada a viagem acaba no meio do nada e nada me conforta conforma confirma e eu de novo procuro uma volta meu deus porquê sai de casa agora devia saber que cada coisa tem sua hora será que toda viagem também tem essa cara de coisa vida mal acabada?
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sábado, 25 de abril de 2009

das noitadas...

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ligths


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quarenta
e quatro anos:
Deus
fez o mundo em sete dias
o meu
é refeito
a cada vinte e quatro horas

Julio Carvalho
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DESNOITADAS NA CARA

tudo quando é noite
escuro se constrói
ver melhor com luz
apagada as coisas são
calmo estático vazio
muito inundo tudo nu
e nem pensa nas vidas que têm
nas gentes que é
não é capaz
ser respostas

ficar
solitariamente
entre objetos
- horizonte papel pedra carro e néon -
esperando sossego
apesar da paixão

lançado
maltratado
mal usado
pelo acaso
caso só com os desmanches dos outros
e os seus animais
e seus cães de caça
e de todos os cães
e dos que fui
e sobrou só instinto
e os ossos roídos
e roupa rasgada
e saliva
e raiva

e algumas vezes
no meio o freio:
o feio desvio da chuva

nessas medonhas
escuriosidades
mais acesas estão as
loucuras que se movimentam contra tudo
contração do pulso
nos mínimos detalhes
das coisas entranhas
das animalidades
das esquinas

nessas noites
sem óculos
sem ócio
entrevendo
entrando muita coisa pelo silêncio
tudo é um míope
embaçado
a essa altura hora noite noites

nessas coisas
empoçadas nos pés dos postes
sacos de lixo
– troféus de bares e becos de luxo
esganam dele fígado
estômago
rim
rindo do enjôo
do pensamento:
o dia seguinte

nessas horas
uma liberdade
louca vagabunda
fêmea filhadaputa
toma o controle
uma vontade de brutalidade
de botar
um fim

...do outro lado um sol na ponta do lápis acaba de escrever o dia.
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domingo, 5 de abril de 2009

dos rasgos...

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plastic
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“medo é a impotência de transformar “
http://www.achuvaimovel.blogspot.com

INTERVENÇÕES ABERTAS

não penso no fim
senão não começo
nem sempre escrevo
e ponho um preço

(até as rimas são falsas)

eu não sou de leve
e não pense que eu
leve tanto desaforo assim
pra uma casa só

(tenho sustos e um assalto em delegacia pra suportar)

as lições de casa
mais que bem feitas
não são as linhas
e os arquivos digitais
incomensuravelmente
corretos

são escorregões
por debaixo das mesas
e engasgos e esbarrões
e doem muito
e pra fazer diferença
dor tem que falar alto
senão não ensina nada
só engana
e a gente passa outro analgésico
e começa tudo errado
de novo

(às vezes eu sou
um por acaso
e o acaso é um ruído)

eu sou um des
acordo
breve
um espaço confuso
no final
da frase
( )

quero incandescentemente coisas
indecentes
com um único fio de luz
visível

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da desarte...

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arte elevador
única obra digna de nota no CCBB parte da expo ARTE NOVA ARTE
- intervenção de Julio Carvalho
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a arte elevada
não é levada a sério em
certos
meios centros culturais
e de ARTE
a NOVA
ARTE
a maior parte
ficou para
trás
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